É que você foi a minha por muito tempo. Foi aquele vazio no peito que não deixa a gente esquecer a falta do beijo, do toque, do abraço apertado. Foi aquele buraco no meio da estrada berrando que as coisas não estão normais, que é preciso cuidado. Foi aquele espaço enorme abandonado do lado da cama que lembra a noite inteira que não tem mais ninguém pra dormir de conchinha ali. Foi a escova abandonada no banheiro que eu não consegui jogar fora porquê me fazia acreditar que de alguma maneira eu ainda tinha você ali. 

Eu não entendi quando você foi embora. E você podia ter me dado todas as explicações do mundo que eu continuaria não entendendo as suas razões. De onde eu venho, a gente não desiste do amor só porque ele está difícil! A gente não arruma a nossa mala e vai embora no meio de uma quarta-feira qualquer só por causa de meia dúzia de brigas. De onde eu venho, a gente insiste! A gente se esforça! A gente faz questão! De onde eu venho, o parâmetro é o amor… enquanto ele existir, a gente continua ali. Então, quando você disse que me amava muito, mas precisava ir porque não dava mais pra continuar ali, nada fez sentido pra mim. 

E então você foi embora da gente. E eu deixei você ir. Afinal, o que mais eu poderia fazer? Como é que se luta por alguém que não quer lutar por nós também? Mas durante todos os segundos dos dias que vieram depois do fim, você foi a minha maior saudade e eu orava pra ser a sua também. Pra que o aperto no peito que me estraçalhava por dentro também tivesse pesando do teu lado. Também tivesse te enlouquecendo e te angustiando e tirando a tua fome como tirava a minha. E eu esperei você me ligar pra dizer que sentia a minha falta e que tinha se arrependido da sua escolha e que todas aquelas postagens feliz, se divertindo com um monte de gente que eu nunca nem vi, eram uma mentira. Mas você não me ligou. 

Eu te assisti seguir sem mim enquanto tudo o que eu mais queria era te ver voltar. Talvez o fim sempre doa mais pra um lado, não sei… mas definitivamente doeu muito em mim! Doeu tanto que eu cheguei a acreditar que não seria capaz de recomeçar sem você. Que nada nunca mais faria sentido sem te ter aqui. Eu fui sobrevivendo como se isso fosse tudo o que restasse pra mim. Tudo que eu tivesse direito depois do fim. Enquanto você estava bem mesmo tendo causado um terremoto aqui dentro. Como é a sensação de sair de alguém e causar tanto estrago sem ser atingido? E eu teria esquecido tudo se você tivesse voltado. Mas você não voltou! E o tempo foi passando e passando e passando. Até que passou… 

Passou a dor, passou o vazio, passou a vontade de ouvir tua voz e de te ter no lugar travesseiro ao meu lado. Passou aquele sentimento de não ser capaz de sentir outra coisa se não saudade da gente. Passou a vontade de entender como é que se vai embora de um amor quando se diz que ainda existe amor. Passou a esperança de receber uma ligação, uma mensagem, um sinal qualquer que indicasse a sua volta. Passou o desejo de te esperar. De te querer. Passou gradativamente conforme o amor passava por mim e eu não fazia esforço pra segura-lo. Eu achei que nunca ia deixar de te amar, até que eu deixei. E então eu entendi que só é pra sempre aquilo que a gente faz ser.

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