Dia desses eu ouvi a nova música da sua banda favorita e quase te mandei uma mensagem pra falar que, apesar do som horrível, a letra é muito boa. Consigo te imaginar lendo o meu elogio mal feito e rindo consigo mesmo da minha falta de capacidade de não criticar tudo. Desculpa por ter feito isso com você. Eu sei... essa mensagem eu devia ter te enviado. E já faz tempo. Mas cê sabe, admitir meus erros é difícil pra mim. Voltar atras, então, nem se fala! Foi por isso que eu te deixei ir. Fiz a coisa certa, a gente sabe, e mesmo assim tem dias que eu penso como tudo estaria se eu tivesse te pedido pra ficar mais um pouco. Talvez tivesse dado errado do mesmo jeito. Tenho certeza disso. Não era pra ser! 

Eu queria que você ainda estivesse aqui. Estranho, não é!? Bati tanto no peito dizendo que queria te esquecer, e agora to aqui sentindo saudade de você. Será que isso eu também deveria te contar? Passou tanto tempo que eu me pergunto se você também pensa em mim, se também fala de mim, se também me procura, vez ou outra, de longe, só pra saber como as coisas estão. Por aqui vai tudo bem. Fui promovida mês passado. Queria que você soubesse disso. Queria que a gente tivesse comemorado junto. Você ia me pagar um chopp e dizer que já era previsível, que eu trabalho muito, me esforço muito, e mereço ser reconhecida. Essa era uma das coisas que eu amava em você! Mesmo pensando tão diferente de mim, você sempre me apoiou. E eu não fui capaz de fazer o mesmo. 

Na verdade, queria te mandar uma mensagem agora, mas não pra falar sobre a sua banda favorita, nem de música nova, nem da minha promoção. Queria te mandar uma mensagem pra contar que eu te acho incrível! E que eu deveria ter dito isso antes. E por muitas vezes. Não acho seus sonhos bobos. Nem você confuso. Não tem nada de errado em querer tudo. Nem em mudar de ideia. Você é capaz de ter o mundo! Desculpa ter demorado tanto pra enxergar essas coisas. Desculpa não ter sido a pessoa que te jogou pra cima. Desculpa por não ter te admirado. E não tem critica dessa vez. Não tem “mas...”. Você é incrível! Com exclamação. Sem vírgula. Você é incrível e eu tive sorte de te ter comigo. E fui trouxa por não te ter mais. Deixei você sair da minha vida. Deixei você pegar suas coisas e ir embora. Deixei nossos universos se fecharem um pro outro. Deixei. Mas não era pra ter deixado. Te deixado.

Eu sou cabeça dura. Teimosa. Difícil. E só você sabia lidar comigo! Mas ó, não to falando de amor não. Aliás, nada disso é sobre amor. Você, de fato, não é o homem da minha vida. E eu não sou a mulher da sua. Eu to falando de carinho, de respeito, de companheirismo. E isso não eu não podia ter deixado faltar entre nós. Não podia ter deixado você se machucar por egoísmo meu. Nem ter fingido que eu não estava machucada também. Eu não podia ter deixado de enviar as mensagens que eu queria, de perguntar como é que estavam as coisas do seu lado ou se você já tinha arrumado a nossa bagunça. Por aqui, eu demorei pra me livrar dela. Eu não podia ter passado por cima de tudo, por nada. Só que eu passei. Feito um trator. “Desacelera” você brincava. E eu te atropelei. Desculpa. Mas e ai, como anda a sua vida? Terminou a faculdade? Mudou de emprego? Cortou o cabelo? Tá feliz? Eu espero que sim. Você me fez tanto...